Os algozes no
cristianismo de hoje
Interesses e política desvirtuam a
missão de uma comunidade que nasceu para acolher e orientar espiritualmente
Aos tempos do Gólgota, eram os mandatários
romanos seguidos de boa parte dos judeus que conduziam Jesus Cristo à morte na cruz.
Nem sempre Ele era compreendido, mas aqueles que captavam Sua mensagem o seguiram.
E Sua comunidade foi erguida, a despeito de inúmeras dificuldades e perseguições.
A primeira sede que a abrigou chamou-se
“Casa do Caminho”. Simão Pedro, o seu fundador, presidiu-lhe os destinos,
coadjuvado pelos apóstolos Bartolomeu, Tiago (filho de Zebedeu), Filipe e João.
"Todos os que possuíam herdades
ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos
pés dos apóstolos.” (Atos 4:34) “Mas o apóstolo Paulo, em visita a Jerusalém e
em diálogo com Pedro, obtemperou: – Precisamos encontrar um meio de libertar as
verdades evangélicas do convencionalismo humano” – e ainda recomendou: “a
iluminação do espírito deve estar em primeiro lugar.”
O conceito de cristianismo ultrapassa,
de alguns séculos até aqui, aos preceitos daquela igreja. Mas é a ela que se atribui
o papel de continuadora da comunidade fundada por Simão Pedro. E ela mesma vem,
ultimamente, sacudindo o mundo com exemplos de condutas escabrosas e geralmente
confundidas com conflitos terrenos.
Aliás, em toda a história da mesma
instituição, suas preocupações mostraram-se mescladas à política dos homens e à
competição com estes mesmos, pelo poder no planeta.
Segundo artigo publicado na revista
Carta capital, de 15 de fevereiro, “nos nossos dias, o governo italiano proibiu
os bancos do país de negociarem com o banco do Vaticano, pois este desrespeitou
normas internacionais contra lavagem de dinheiro – e o banqueiro escolhido para
regularizar a situação foi destituído pelos conselheiros, após redigir um
informe no qual relatava contas de políticos, empreiteiros e mafiosos
intermediados pelo clero. Isto
sucedeu outros escândalos internos, no clero de vários países, fatos amplamente
divulgados. E a isto se sucedeu a renúncia
do pontífice, neste último fevereiro.
Nós, também cristãos do terceiro
milênio, não somos menos seguidores de Jesus Cristo. E temos a pretensão de não
esquecer Sua recomendação, tão bem colocada por Paulo de Tarso, à época da
criação da Casa do Caminho: “a iluminação do espírito deve estar em
primeiro lugar”!
Já é tempo, portanto, de
vislumbrarmos um cristianismo verdadeiramente ecumênico – afinal, Jesus se
dirigia tanto aos cristãos quanto aos gentios – e quando uma crise atinge uma
fatia do cristianismo de hoje, todos os filhos de Deus arcam com as
consequências, porque os destinos da Terra alcançarão a todos os homens!
Se temos por objetivo nossa evolução
espiritual, através da lei maior do Amor e Caridade, sabemos também que nosso pequeno
planeta de provas e expiações atravessa, finalmente, o complexo patamar de transição
para um planeta regenerativo. Provavelmente, é o próprio período de transição que
nos submete às eclosões de tão sérios escândalos morais, paralelamente aos cataclismos
que temos enfrentado.
Mas quando os desmandos se originam de
conluios financeiros, políticos e religiosos, entre aqueles que falam em nome
de Pedro e quando se trata de um mundo que engloba tantos e tão sinceros irmãos
no cristianismo, há que contribuirmos para que os mesmos irmãos (católicos ou
não) reflitam com coragem: quem, entre todos nós, poderia estar, hoje, levando Jesus
ao Gólgota, para tentar calá-lo em nome de poderes terrenos?
Nunca, talvez, tenha sido tão
importante cuidarmos (cada qual consigo mesmo), da essencial “reforma íntima”.
Tudo indica que cada um de nós é que poderá contribuir, através de atitudes conscientes
e corajosamente educadoras de nossos filhos, com um desfecho espiritualmente
saudável para a atual transição de nosso planeta. Parece que somente da evolução
de cada um brotará a evolução da Terra.
Mª Antonieta de Castro Sá.
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