sábado, 2 de março de 2013

OS ALGOZES NO CRISTIANISMO DE HOJE



Os algozes no cristianismo de hoje

Interesses e política desvirtuam a missão de uma comunidade que nasceu para acolher e orientar espiritualmente

Aos tempos do Gólgota, eram os mandatários romanos seguidos de boa parte dos judeus que conduziam Jesus Cristo à morte na cruz. Nem sempre Ele era compreendido, mas aqueles que captavam Sua mensagem o seguiram. E Sua comunidade foi erguida, a despeito de inúmeras dificuldades e perseguições.
A primeira sede que a abrigou chamou-se “Casa do Caminho”. Simão Pedro, o seu fundador, presidiu-lhe os destinos, coadjuvado pelos apóstolos Bartolomeu, Tiago (filho de Zebedeu), Filipe e João.
"Todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos.” (Atos 4:34) “Mas o apóstolo Paulo, em visita a Jerusalém e em diálogo com Pedro, obtemperou: – Precisamos encontrar um meio de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano” – e ainda recomendou: “a iluminação do espírito deve estar em primeiro lugar.”
O conceito de cristianismo ultrapassa, de alguns séculos até aqui, aos preceitos daquela igreja. Mas é a ela que se atribui o papel de continuadora da comunidade fundada por Simão Pedro. E ela mesma vem, ultimamente, sacudindo o mundo com exemplos de condutas escabrosas e geralmente confundidas com conflitos terrenos.
Aliás, em toda a história da mesma instituição, suas preocupações mostraram-se mescladas à política dos homens e à competição com estes mesmos, pelo poder no planeta.
Segundo artigo publicado na revista Carta capital, de 15 de fevereiro, “nos nossos dias, o governo italiano proibiu os bancos do país de negociarem com o banco do Vaticano, pois este desrespeitou normas internacionais contra lavagem de dinheiro – e o banqueiro escolhido para regularizar a situação foi destituído pelos conselheiros, após redigir um informe no qual relatava contas de políticos, empreiteiros e mafiosos intermediados pelo clero. Isto sucedeu outros escândalos internos, no clero de vários países, fatos amplamente divulgados.  E a isto se sucedeu a renúncia do  pontífice, neste último fevereiro.
Nós, também cristãos do terceiro milênio, não somos menos seguidores de Jesus Cristo. E temos a pretensão de não esquecer Sua recomendação, tão bem colocada por Paulo de Tarso, à época da criação da Casa do Caminho:  “a iluminação do espírito deve estar em primeiro lugar”!
Já é tempo, portanto, de vislumbrarmos um cristianismo verdadeiramente ecumênico – afinal, Jesus se dirigia tanto aos cristãos quanto aos gentios – e quando uma crise atinge uma fatia do cristianismo de hoje, todos os filhos de Deus arcam com as consequências, porque os destinos da Terra alcançarão a todos os homens!
Se temos por objetivo nossa evolução espiritual, através da lei maior do Amor e Caridade, sabemos também que nosso pequeno planeta de provas e expiações atravessa, finalmente, o complexo patamar de transição para um planeta regenerativo. Provavelmente, é o próprio período de transição que nos submete às eclosões de tão sérios escândalos morais, paralelamente aos cataclismos que temos enfrentado.
Mas quando os desmandos se originam de conluios financeiros, políticos e religiosos, entre aqueles que falam em nome de Pedro e quando se trata de um mundo que engloba tantos e tão sinceros irmãos no cristianismo, há que contribuirmos para que os mesmos irmãos (católicos ou não) reflitam com coragem: quem, entre todos nós, poderia estar, hoje, levando Jesus ao Gólgota, para tentar calá-lo em nome de poderes terrenos?
Nunca, talvez, tenha sido tão importante cuidarmos (cada qual consigo mesmo), da essencial “reforma íntima”. Tudo indica que cada um de nós é que poderá contribuir, através de atitudes conscientes e corajosamente educadoras de nossos filhos, com um desfecho espiritualmente saudável para a atual transição de nosso planeta. Parece que somente da evolução de cada um brotará a evolução da Terra.

Mª Antonieta de Castro Sá.

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