segunda-feira, 26 de março de 2012

ATRAÇÃO,  SEXO  E  AFETIVIDADE

Nos relacionamentos entre casais (hetero ou homossexuais), os três ingredientes principais são a atração, o sexo e a afetividade,  em  proporções  nem  sempre  equilibradas. É importante, ainda, a sintonia - mas não é ela que equilibra, necessariamente, à relação.
As pessoas se atraem, geralmente, à partir de suas aparências (o aspecto físico) e daquilo que idealizam para um par: em termos de atenção, carinho, dedicação, simpatia, inteligência, recursos e potenciais em geral.
Quando se permitem conhecer um ao outro, ainda que brevemente, vão  percebendo mais ou menos motivos de atração, nos terrenos do sexo, da amizade e do  afeto.
Entre os mais jóvens costuma predominar, de início, a atração sexual - os pares se descobrem antes através de seus instintos e, quando a atração sobrevive para tanto, eles vão se descobrindo nas demais características, ou 'como pessoas'.
Mas há muita gente, não tão jóvem, que igualmente responde antes à atração sexual, do que a todas as demais. Isto não é feio nem bonito, é só um estilo de comportamento.
Pode-se resumir que as relações emocionais evoluem, ao longo da vida, através de três períodos:
- a dependência,
- os intercâmbios e
- a mútua consideração.
Para os que predomina a dependência, é complicado  resistir a  frustrações - porque estes esperam ser satisfeitos 'sempre' em suas necessidades e  anseios. Estas pessoas supõem que seja para tal satisfação que existem as relações com o outro.
Quando já se é capaz de 'estabelecer trocas' com um parceiro, a capacidade de 'enxergar as necessidades alheias' também  está presente, ao menos parcialmente, embora ainda seja comum a expectativa de que o outro seja como um complemento que deveria suprir o que falta a cada um, inclusive nas capacidades.
É só quando se descobre a importância de proporcionar ao outro o que gostaríamos que nos fosse proporcinado, quando se desenvolve a capacidade de 'por-se no lugar do outro' - ou quando se descobre a alegria de 'dar-se ao outro' - é que temos a mútua consideração - na qual se embasam as relações verdadeiramente afetivas.
Nas vivências da sexualidade (pura e simples) experimentamos o que há de mais egoísta em nós mesmos: porque é tão somente o nosso prazer pessoal que buscamos, em cada um de nossos  movimentos - mesmo ao acariciar nosso parceiro(a), o que tentamos é o favorecimento de nossa satisfação. Por isso, o sexo em si mesmo é extremamente solitário, inclusive, ainda que o pratiquemos com alguém.
Já o afeto, por supor a consideração pelo outro, este sim, é vivido 'com o outro'.
Percebe-se, pois, que a atração é o gatilho que desencadeia relacionamentos, principalmente entre casais, e que o sexo independe do afeto para ser vivido, tanto quanto o afeto não se mostra impossível sem o tempero da sexualidade - porque esta pode, ainda, realizar-se simbolicamente, nas grandes trocas da amizade mais profunda.
Todavia, como estamos comentando relacionamentos entre casais, o ideal e pelo menos mais equilibrado é aquele intercâmbio no qual a sexualidade é uma das expressões do afeto.

Você tem uma consciência clara do estilo de relação que tem vivido com seu parceiro(a)?
Pensar sobre isso, pode ajudar a identificar o que vai bem, o que não vai tão bem e por onde pode começar, talvez, um diálogo melhor entre vocês.

Antonieta de Castro Sá.
 

 

2 comentários:

Renato Abreu Filho disse...

Muito bom seu texto minha amiga. Na minha experiência profissional é cada vez maior o número de pacientes que reclamam por esta falta de equilíbrio. O sexo automático, e não prazeroso, é queixa freqüente. A sensação de que a mulher é um mero detalhe no contexto desta relação é desestimulante para a pratica do ato em si, exacerbando o aspecto do sexo solitário, especialmente nos casais que vivem relacionamentos mais longos. Por vezes pedem para que lhe receite um estimulante, quando na verdade precisam é de mais afeto e carinho. Os tempos são outros e a cisão entre sexo e afeto começa a se estabelecer, mas a falta do segundo, especialmente para a mulher, ainda é um grande obstáculo.

Ma. Antonieta de Castro Sá disse...

Obrigada, amigo. Parece que a gente tem mesmo algum dom (em comum) pra escrever a 4 mãos, pque vc completou em seu comentário, o que eu ainda gostaria de escrever em meu texto...Antonieta de Castro.

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